Uma breve análise das marcas
Alguns fatores fazem parte da analise que o consumidor faz para decidir sobre a compra de determinado produto, dentre eles destacamos três que se referem aos fabricantes e o valor da marca sobre o produto, são eles: inovação, pós venda e aceitação da marca.
Inovação/Design/Tecnologia
Do ponto de vista da inovação, incluímos nesse ponto a tecnologia e o Design, pois são itens que fazem parte do processo da inovação.
Dentro desse ponto cada marca tem seu ponto forte e necessidades de correção a fazer, comentaremos abaixo cada uma das marcas descrevendo a visão do consumidor e suas aspirações.
Dentro desse ponto a Renault é a empresa que mais carecia de uma revitalização de seus produtos, com os modelos Clio cuja última modificação profunda ocorreu em 2003, a Scenic que também não sofria alterações desde 2001 e a Kangoo que é o mesmo modelo desde 2000 a montadora sofria para manter as vendas.
Com o lançamento do Megane em março de 2006 a montadora iniciou um ciclo de revitalização de sua linha de produtos. Neste ano as vendas do Megane já representavam 10% das vendas da marca que estavam em torno de 50 mil unidades.
Em 2007 a marca lançou o modelo Logan e a Grand Tour, e alcançou vendas 71 mil unidades, sendo que a linha Megane e Logan representaram mais de 40% das vendas da marca, e o Megane já era o 5º modelo mais vendido no segmento mais concorrido daquele período.
Em 2008 a montadora apostou no lançamento do Sandero e ultrapassou a marca de 100 mil unidades vendidas, tendo esses lançamentos a representação de 85% das vendas da marca.
A marca conseguiu aliar duas coisas fundamentais para o sucesso no mercado brasileiro, produtos de qualidade e preços alinhados com o mercado. Diferente de seus outros produtos a marca olhou para a concorrência e montou produtos compatíveis sem a obrigação dos Air Bags de série em todos os modelos além de outras perfumarias, conseguindo alinhar os preços com as quatro principais montadoras. Hoje só o Sandero e o Logan representam 80% das vendas da marca.
O lançamento de versões especiais, ajuda nas vendas, porém prejudicam na avaliação do valor do veículo na hora da venda, pois ninguém sabe exatamente quais os itens que aquela versão tem em relação ao produto básico, levando sempre a versão do cliente a valer menos e tendo um efeito cascata sobre toda a gama do produto.
As manutenções do design do veículo e de seus atributos no longo prazo geram ganhos futuros na revenda e por conseqüência na venda. Essa estratégia fez do gol um sucesso por muitos anos, tendo sempre a versão original e as versões especiais (sempre no final do ciclo do produto antes de uma reestilização).
A Peugeot em se tratando de design sempre esteve um passo a frente e com uma estratégia de produto muito bem alinhada em relação ao que o consumidor busca. Modelos inovadores, com bons atributos e sem muitas variações ao longo do seu ciclo. Isso do ponto de vista da depreciação representa um ganho para o consumidor que vê seu veículo ainda como um carro do ano, mesmo após dois ou três anos após ter feito a aquisição.
A limitada linha nacional impede a marca de expandir sua atuação, baseada em apenas três modelos (207, 307 e Partner) a montadora não se apresenta em outros segmentos emergentes. Aliada a isso nos últimos tempos sua station wagon a 307 SW parou de ser oferecida, limitando ainda mais a sua linha. O lançamento do 207 Passion no segmento de sedans básicos deu um novo fôlego à marca.
A Citroën assim como a Peugeot está à frente nesse ponto, com produtos alinhados as aspirações dos consumidores e desejados por eles a marca, sustenta um crescimento de 2007 para 2008 de quase 40%, porém perdeu 4% de 2008 para 2009 com as vendas praticamente estacionadas. O chamariz da sua linha é o C3, tendo o complemento da linha C4 que também tem bastante aceitação.
O receio do consumidor em relação à marca, também vem do pós-venda extremamente caro no passado e do fato de grande parte dos modelos da marca ser importado, tendo sua manutenção prejudicada pelo tempo de demora na importação de peças do país vizinho ou da Europa.
A nacionalização da linha trouxe a confiança ao consumidor que acredita na qualidade da marca e na inovação dos produtos. Há um perfil de consumidores que “gostam” dos carros da marca, e “se pudessem” teriam um, porém esse “sonho” é impedido pela cara realidade da manutenção e da depreciação.
Pós-venda
As marcas ainda precisam enfrentar um calcanhar de Aquiles, o receio que o consumidor tem em relação ao pós-venda e ao produto. Um exemplo que pode ser verificado é o custo de manutenção não muito claro para o consumidor, o custo de manutenção de um veículo 16V em relação ao veículo 8V pode levar o consumidor a enxergar problemas onde não existe e isso pode levar a marca a perder vendas.
A VW tempos atrás ainda mantinha no seu portfólio as opções de motor 8V e 16V, porém retirou quando percebeu que o custo de manutenção do veículo 16V era maior e que o consumidor recebia essa informação de amigos e acreditava que isso era do produto (gol ou Parati) e não especifico daquele tipo de motor.
Os custos de manutenção da Citroën num passado não tão distante eram assustadores e afastavam o consumidor de ter um carro da marca. Com a limitação desses custos nessa nova estratégia de pós-venda da marca e a qualidade dos produtos a montadora está dando bons passos para atingir o sucesso conseguido pela Ford nessa mesma estratégia.
Depreciação
De modo geral a depreciação das marcas francesas ainda é maior do que das quatro principais marcas no mercado, cuja diferença de preço pode chegar a 4% em relação a um produto equivalente de uma dessas marcas. A depreciação dos modelos da marca está vinculada ainda a produtos antigos que as marcas francesas importavam e que não tinham manutenção nacional, sendo que essa manutenção além de cara era demorada. Esse forte vínculo do passado ainda precisa ser quebrado, bem como a preferência de veículos das quatro principais montadoras.
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